domingo, 14 de setembro de 2014
Nas duas últimas semanas tivemos duas grandes festas para celebrar o casamento entre moda e tecnologia. Na semana de Moda de Nova York, grandes empresas como Samsung e Intel apresentaram seus smartwatches (relógios inteligentes), pulseiras de fitness e outras formas de tecnologia wearable (vestíveis). E na Califórnia, a Apple apresentou seu modelo de relógio inteligente, o Apple Watch.
Nos dois eventos o mais interessante é que o foco das discussões ficou muito menos na questão tecnológica e muito mais na questão da moda. Ninguém entende direito pra que servem e como serão utilizados esses óculos que filmam tudo, ou os relógios que obedecem a inúmeros comandos de voz, ou pulseiras bluetooth que transmitem seus sinais para não sei o quê… não, todo mundo só ficou discutindo se o design desses objetos era bonito ou não.
A indústria da tecnologia parece aquele noivo desajeitado e tremendamente apaixonado que quer casar e saí por aí se declarando:”precisamos desesperadamente da indústria da moda”, disse Ayse Ildeniz, vice-presidente do novo grupo de dispositivos da Intel Corp, que desenvolveu com a grife Opening Ceremony uma pulseira inteligente com pedras semi-preciosas que recebem notificações e enviam alertas.
As empresas de tecnologia precisam de designers para “vestir” as pessoas com seus objetos. Diferentemente do celular, esses dispositivos são uma forma de expressão e muito mais pessoais do que os telefones. “A indústria da moda entende o sentido estético, mas também está em sintonia com o que uma mulher poderia usar em seu corpo”, disse Ildeniz.
E nesse aspecto é que a Apple colheu suas maiores críticas. Muitos acusaram o aparelho de ser masculino demais. Roseanne Morrison, diretora do grupo de consultoria de moda Doneger, disse que o Apple Watch “não é bonito. É muito tecnológico, o oposto de um acessório feminino sexy”. Eric Wilson, diretor de moda da revista “InStyle”, critica o design genérico demais. Para ele, o “Apple Watch vai ser um símbolo de status”, que certamente venderá milhões de unidades mas precisará ser remodelado continuamente para se consolidar como um acessório, tal qual as coleções de moda.
"Este é apenas o começo. Quanto deve demorar para que haja uma parceria com Marc Jacobs e Valentino para criar modelos mais sofisticados?", disse Lea Goldman, repórter especial da revista "Marie Claire" americana. Com certeza não muito, já que a tecnologia será cada vez mais incorporada ao nosso vestir – não só na forma de acessórios ultra-mega sofisticados mas também emprestando eficiência e funcionalidade aos tecidos.
Aquele tempo tantas vezes ilustrado pelos filmes de ficção científica onde moda e tecnologia andam de mãos dadas chegou, mas, felizmente, sem a visão fria e uniformizada de grande parte dos cineastas. Personalidade e estilo contam tanto quanto a funcionalidade. Ou, quem diria, até mais – afinal, quantos utillizam um relógio ou pulseira simplesmente pelo design e beleza? E se essas peças ainda vierem acompanhados de serviços fáceis de manejar e úteis, a gente agradece!
Fonte: BolsadeMulher
